- Ano: 2017
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Fotografias:Daniela Mac Adden
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Fabricantes: FV, Fábrica de Luz, Nivel
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Residência BLQ está situada no condomínio Nuevo Quilmes, localizado na saída do km 17 da rodovia que vincula Buenos Aires com La Plata.
Devido a sua proximidade com o centro da cidade de Buenos Aires, o bairro evidencia uma densidade urbana média, apresentando lotes de dimensões relativamente pequenas.
O prédio, originalmente sem vegetação, é delimitado por um polígono quadrangular irregular. Na sua fachada frontal, uma diagonal o recorta em linha paralela à rua.
O cliente, um casal com dois filhos, nos encarregou do que seria sua residência permanente. Ela deveria organizar-se em três dormitórios: um principal com closet e banheiro e outros dois com banheiro compartilhado. Solicitou-se um escritório vinculado à área social como espaço de trabalho para o pai da família. Manifestou-se também a vontade de que a casa tivesse uma ampla área exterior coberta e que ela estivesse equipada com uma churrasqueira. O casal dedicou especial ênfase no desejo de que a residência fosse isolada da rua abrindo-se ao espaço privado em busca de intimidade.
O escritório propôs a organização de um programa em um único volume de concreto aparente que longitudinalmente ocupa o máximo da largura edificável do lote e cuja envolvente se abre para o espaço verde posterior.
As funções programáticas foram ordenadas situando, em frente, os espaços destinados ao acesso, à circulação e ao banheiros. Esse setor foi criado como um hall visual e sonoro entre a rua e o restante dos espaços que, por seu destino mais nobre, foram dispostos na parte posterior, dotados de ampla abertura para o céu e jardim.
O sistema estrutural de concreto armado não somente serviu como um esqueleto resistente mas também sua função foi ampliada para funcionar como um organizador espacial também.
Duas vigas contínuas correm paralelas na direção longitudinal do volume, suportando a laje sobre o térreo, um gesto que se repete no pavimento superior. As laterais são fechadas por meio de chapas cegas que, além de outorgar privacidade para a moradia, servem de apoio a essas vigas. Essa configuração estrutural em forma de pórtico permite trabalhar livremente os fechamentos da parte frontal e posterior e, por sua vez, gerar um grande espaço central no térreo - sala de estar, jantar - livre de apoios. A grande estrutura de concreto da parte frontal, graças à sua condição de viga, permite transparências no fechamento do nível inferior, possibilitando a fluidez visual no sentido rua-jardim. Os locais privados da planta superior são envidraçados em estreita relação com o espaço exterior. A suíte principal, por sua vez, pode ser expandida para um terraço descoberto exclusivo, com amplas vistas ao jardim.
Em relação ao controle solar passivo, na parte frontal, o elemento de fechamento de concreto protege termicamente a moradia em sua face menos ensolarada, a sudeste. Na parte posterior e sobre a expansão dos locais privados, é disposta uma série de divisórias verticais em balanço com o propósito de resguardar o espaço interior da incidência do sol oeste enquanto um brise horizontal - que percorre o pavimento superior de extremo a extremo, também o protege do sol. Essa expansão no pavimento superior constitui a cobertura da área externa no térreo, espaço de transição entre a área social interior e o verde. Essa galeria contribui para gerar uma gradação entre ambos espaços, preservando o interior dos fatores climáticos externos e possibilitando atividades sociais em um exterior protegido.
Buscou-se clareza nos meios tectônicos, simplicidade na construção e pureza nos materiais. O emprego do concreto permitiu organizar o espaço, expandi-lo, torná-lo fluído, liberá-lo, abri-lo e, por fim, vinculá-lo com a paisagem. A estrutura portante e a espacialidade são constituídas por uma unidade formal integrada, seguindo a concepção miesiana da arquitetura como expressão da estrutura.